23 de ago. de 2010

Meu Louco Preferido


Gente, como aquilo era engraçado! Eu ria, ria muito. Ria muito pelo fato de nem saber quem ele era. 
Ria por dentro.

Bom. Eu estava, como quem não quer nada, na praia, sozinha, como eu sempre fazia. O vento penteava, de uma forma que eu adorava, meu cabelo. Eu andava, quase fechando os olhos, afundando os pés na areia, devagar... até que uma música me chamou a atenção. Era um garoto, tocando violão em cima do telhado de umas das casas que tinham por ali. Passei, direto, pensando em como aquele menino era louco. Desde quando alguém sobe num telhado pra tocar violão? Por um momento, me distraí, e depois, já não me permitia a pensar demais nele.

Voltei à aquele lugar várias vezes depois daquela, e o louco estava lá, do mesmo jeitinho, tocando a mesma música bonitinha; que à essa altura, já era a minha preferida. De uma forma tão louca quanto o garoto, eu aprendi a cantar também.

Um dia qualquer, em que fazia um certo frio, passei ali de novo, bem devagar, pra curtir o louco cantor.
Mas ele não tocava. Estava parado, olhando para mim. Por um momento, parei. E olhei para ele também. Ele desviou o olhar.

Respirei.
Cantei. É, cantei. Cantei a música dele, tão louca feito ele, alto, pra ele escutar.
Consegui enxergar ele sorrindo, e, cantarolando comigo. Pegou o violão que estava do seu lado, e começou a tocar também. Cantávamos, cantávamos, cantávamos.

Eu dava passos para frente sem perceber, até que estava no jardim da casa dele.
Ele, já estava na ponta de cima da escada que ficava perto da porta, tocando.
Aí eu já conseguia ver o formato do seu rosto, ouvi-lo melhor. Ele sorria, eu também. Éramos cúmplices.

Eu, tão louca feito ele, subi a escada. Sentei-me ao seu lado.
O vento ali era melhor. A maresia era reconfortante.
Por horas, ficamos ali. Por fim, sem dificuldade ou receio, nos beijamos. Sorríamos de novo, cantávamos de novo, beijávamos de novo.


Gente, como aquilo era engraçado! Eu ria, ria muito. Ria muito pelo fato de nem saber quem ele era. 
Ria por dentro. E ele, desse jeito, ria comigo, louco. Meu louco preferido.

Pauta para Projeto Bloínquês

11 de ago. de 2010

Não


Apoiei a cabeça na cortina azul da janela do ônibus. Ali, ela batia em certo compasso. Daquele modo, eu quase dormia. Dormia, sim, porque não havia mais o que pensar, só o que fazer. Nada me deixava melhor em relação à isso. Não deixava, e ainda não deixa.
Fazer? Eu? Não, isso não. Não quero fazer isso.
Sei o por quê e a necessidade disso; mas me recuso. E recusar, pra que? Não querer fazer, por que?
Andava avoada rua afora. Tinha uma vontade enorme de me afogar, não importa em que fosse. Em choro, em livro, em música, em seios, em lagoas. Em sete lagoas.
Hipocrisia a minha. Sei o que tenho que fazer e simplesmente não quero.
Enquanto for assim, sofrerei. Sofrerei em forma de crônica. Sofrerei noite afora. Sofrerei beijando a cidade inteira. E que diferença isso faz? Para mim, faz. E mesmo assim, sofro. Simplesmente por te querer demais.

7 de ago. de 2010

Desencontro Setelagoano

                         por Isabela Estanisláo, a menina que não bebe leite.
Não, eu não me perdi em Sete Lagoas, muito menos estive por lá. O que eu desencontrei foi uma amiga naturalizada ounão como setelagoana. Pra quem não conhece, Sete Lagoas é uma cidade localizada a 70 quilômetros de BHComo diz o wikipédia .. " A cidade dos sete lagos encantados". Mas bem .. se são ou não, eu não sei. 
Mas enfim, essa minha amiga veio passar uma semana aqui em BH, justo na minha única semana de férias, então tive que marcar de encontrar com ela. Até ai tudo bem .. o problema foi onde e quando a gente marcou ...
Era uma terça feira, o dia parecia comum, o céu estava até bonito diga-se de passagem. Acordei e fui me arrumar. Quando terminei de tomar banho olhei pro espelho e perguntei pro meu reflexo:  PURA QUE PARIU ! Como eu chego no shopping cidade ? Além de ter uma terrível mania de conversar com o meu reflexo no espelho eu nunca, isso mesmo, NUCA tinha ido sozinha pro shopping cidade, portanto nunca prestei atenção no caminho, logo não sabia como chegar lá. Eu sabia que eu tinha que pegar o ônibus azul que passa aqui na rua de casa, também sabia que se eu olhasse no google maps eu chegaria lá bem mais fácil do que sair perguntando pra todo mundo onde ficava o shopping mais popular de BH. Isso sem contar com o Oiapoque, Xavantes e Tupinambas. Rá, trocadilho #fail. Mas voltando para a história ... Eu já estava atrasada e se eu olhasse no google iria atrasar mais ainda. O jeito foi pegar o ônibus, fazer carão a la Vanessão e perguntar onde ficava. Juro que até pensei em usar algum sotaque pra fingir que eu não tinha a menor ideia de onde eu estava indo, mas meu mineirês iria me desmascarar rapidinho. Por sorte achei uma  moça que tava levando a sobrinha pro cinema e não precisei perguntar pra ninguém. O complicado foi seguir as duas até o lá .. nunca vi duas pessoas andar tão rápido, não andar correndo, andar mesmo. Eu com meu oteeemo preparo físico, tirei de letra. NOT. Cheguei cansada, mas cheguei ! Quando entrei foi um alivio, mas quando vi a escada rolante entupida de gente, o alivio passou. Subi 3 lances de escada rolante até chegar no piso do cinema, juro que me deu vontade de chorar quando vi aquele tanto de gente formando uma fila quilometrica que dava voltas e mais voltas. Mas também, o que deu na minha cabeça ? Era férias escolares, era terça feira, o dia mais barato da semana,     em um dos cinemas mais baratos ! Tuuuudo bem, eu já tava la meso né ? Agora eu só tinha que achar minha amiga. Dei umas 5 voltas por tudo e não achei. Fui na leitura, procurei um livro que tava querendo e voltei para procurar ela. Ai depois de tanto andar que me lembrei que eu tenho um celular e ele serve para ligar para as pessoas. Mas quem disse que eu tinha levado meu celular ? HAHA. Ai pensei em sair perguntando as pessoas se elas tinham visto uma menina, relativamente do meu tamanho, mulata, cabelos lisos e com todo perdão da palavra .. uma bunda e par de coxas que seduziria qualquer marmanjo por ai. Mas ai imaginei quantas outras meninas parecidas com ela podia estar lá, até porque parecia que todo mundo resolveu ir no cinema naquele dia ! Logo desisti da ideia. Mas fiquei pensando sobre as características dela. Que pra mim, por acaso são sete características marcantes. Sete características de uma Setelagoana. Coincidência ou coisa do destino ? Tanto faz, não acredito em nenhum dos dois mesmo. HAHAHA. Mas depois de tanto esperar, andar e procurar acabei desistindo e não encontrei a Ceres. Teria sido culpa de uma conspiração vital ? Sei lá ! Só sabia que eu só a veria na sexta feira, pra tirar algumas fotos e me despedir, pois ela iriam voltar logo pra sua cidade das sete lagoas tão encantadoras como as suas sete características: Ser diferente de tudo e todas, ter uma voz inconfudivel, ser uma mulata que poderia esbanjar sensualidade atraves do seu corpo, mas prefere atrair olhares por ser quem é, é apaixonada por céu, coleciona all star, ama o Axl e é mesmo à 70 km de mim, continua sempre junto de mim. Até por que, quem foi que disse que pra ta junto precisa ta perto ?